Triagem Auditiva nas Escolas
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 10% da população mundial sofre de problemas auditivos. A surdez pode surgir em qualquer fase da vida e, muitas vezes é irreversível. Quando ocorre desde o nascimento, a mais grave, pode afetar definitivamente o desenvolvimento psicossocial do ser humano.
As Sociedades Brasileira de Otologia (SBO), Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL), Brasileira de Fonoaudiologia, a Fundação Otorrinolaringologia e o Conselho Federal de Fonoaudiologia promoveram, em 1997, uma campanha nacional com o objetivo de educar e conscientizar a população brasileira para os problemas da surdez visando a sua prevenção. Os resultados mostraram a alta incidência da deficiência auditiva no Brasil, especialmente em crianças.
A campanha "Quem Ouve Bem, Aprende Melhor!", instituída por meio da Portaria Interministerial MEC/MS Nº 1.487, de 15 de outubro de 1999, publicada no Diário Oficial Nº 199-E, de 18 de outubro de 1999 nasceu da parceria representada pelo Ministério da Educação/FNDE, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Sociedade Brasileira de Otologia e Fundação Otorrinolaringologia, com o objetivo de detectar alunos com problemas no ouvido e iniciar o tratamento médico adequado.
No total, 429 municípios e 10.532 escolas participaram da 1ª fase, e 780.450 alunos foram testados. Os resultados obtidos compreendem 264.189 alunos triados e encaminhados para a 2ª fase. Nesta, participaram 117.730, os quais falharam na triagem em sala de aula.
A deficiência auditiva, caracterizada pela perda total ou parcial da capacidade de ouvir, manifesta-se como surdez severa ou profunda e surdez leve e moderada. Assim como na visual, as pessoas portadoras de deficiência auditiva podem ter afetadas a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento integral. A estimativa da OMS, em 1993, é de que 1,5% da população brasileira - cerca de 2.250.000 habitantes - seria portadora dessa deficiência. As causas de deficiência auditiva de moderada a profunda, mais freqüentes em crianças, são a rubéola gestacional e outras infecções pré-natais. Contudo, em cerca de 33% dos casos não se consegue estabelecer uma etiologia para essa afecção. Nos casos de deficiência auditiva de leve a moderada, a otite média é a causa mais freqüente na infância, com uma incidência ao redor de 33%.
É por meio da avaliação audiológica, que muitas desordens do sistema auditivo são encontradas. São também determinados o grau e tipo de perda auditiva, assim como o local da lesão.
Ela normalmente é indicada em casos de crianças que falam alto, apresentam rouquidão crônica, otites de repetição, escutam a televisão em volume aumentado, apresentam dificuldades escolares, desatenção, trocas ou distorções na fala e atraso no desenvolvimento de linguagem, assim como em crianças portadoras de síndromes e doenças degenerativas. Também é indicada para indivíduos com queixa de dificuldade de audição, ouvido tampado, zumbido, dor de ouvido, incômodo com o som alto, como prevenção em casos de trabalho em ambiente ruidoso. Isso para que seja feita uma intervenção o mais precoce possível.
Encontramos, também, alterações significativas em crianças com histórico de meningite, rubéola materna, sífilis congênita, citomegalovírus, caxumba, sarampo e traumatismos de face.
Em um grande número de casos, os problemas auditivos leves ou moderados passam despercebidos aos pais e professores. Entretanto estatísticas comprovam que cerca de 6% das crianças com 4 anos de idade, e de 3 à 4% das com 7 anos apresentam anormalidades nos exames.
Um grande número de escolas não solicita de rotina a realização de audiometria, exame específico para medir a audição na época da pré-escola ou nas classes de alfabetização. Dentre as que solicitam, os resultados não são interpretados pedagogicamente, por falta de assessoria especializada no assunto, pois não basta exigir o exame, é necessário correlacioná-lo ao desempenho da criança.
É possível realizar as avaliações através da implantação de um programa de saúde auditiva na própria escola, o que facilita aos pais e garante uma assessoria especializada nos moldes do Sistema Americano, onde a triagem auditiva é obrigatória na rede escolar desde 1927.
Triagem é o processo de aplicar o grande número de indivíduos determinadas medidas rápidas e simples que identificarão alta probabilidade de doenças na função testada. O objetivo de uma triagem auditiva é detectar perdas com um número máximo de identificações corretas e com um número mínimo de falsos positivos, usando triagem com tons puros associadas às medidas de imitância acústica. As crianças com audição ou função de orelha média questionável podem ser identificadas rapidamente e serem encaminhadas para avaliação audiológica completa. Um programa de detecção precoce de triagem auditiva em crianças na pré-escola e na alfabetização, visa a prevenir dificuldades na aquisição da fala e no desenvolvimento da linguagem, já que ambos estão diretamente ligados à audição.
Um programa de triagem auditiva eficiente e preciso não visa dar diagnóstico. Seu objetivo é identificar crianças sem sintomas aparentes, que apresentam determinado problema auditivo e orientar os pais da realização de procedimentos mais elaborados. Assim se alcançará o diagnóstico pela avaliação audiológica completa, tentando diminuir ou acabar com os efeitos que determinada doença pode acarretar. A triagem é o processo de aplicar a grande número de indivíduos determinadas medidas rápidas que identificarão alta probabilidade de doenças na função testada.
Referências Bibliográficas:
BESS, Fred H., HUMES, Larry, E., Fundamentos em audiologia. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
RUSSO, Iêda C. Pacheco; SANTOS, Teresa M. Momensohn Santos. Audiologia Infantil. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
MUSIEK, Frank E.; RINTELMANN, William F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. 1ed. São Paulo: Manole, 2001.
BESS, Fred H., HUMES, Larry, E., Fundamentos em audiologia. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
RUSSO, Iêda C. Pacheco; SANTOS, Teresa M. Momensohn Santos. Audiologia Infantil. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
MUSIEK, Frank E.; RINTELMANN, William F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. 1ed. São Paulo: Manole, 2001.
Mônica de Sá Ferreira
Fonoaudióloga, Especialista em Audiologia, mestranda em Fonoaudiologia. Professora da UNIPAC/ JF - MG. - E-mail: mailto:monicasf@wnetrj.com.br?subject=Artigo%20publicado%20-%20Profala - Contato: (21) 2436-3846
Fonoaudióloga, Especialista em Audiologia, mestranda em Fonoaudiologia. Professora da UNIPAC/ JF - MG. - E-mail: mailto:monicasf@wnetrj.com.br?subject=Artigo%20publicado%20-%20Profala - Contato: (21) 2436-3846
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